Não sou madura bastante ainda.Ou nunca serei .Quem sabe?! |
Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim:
vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio,
ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes
acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro
completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples
infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”
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E um artista sempre acha que as coisas podem ser ainda mais bonitas ou melhores do que são.
(Caio Fernando Abreu.
O mergulho do príncipe bailarino, in: Pequenas Epifanias)